O catarinense de Pouso Redondo-SC Daniel Ribeiro, 32, é jogador de basquete em cadeira de rodas a 13 anos e atualmente tri campeão estadual pelo Raposas do Sul time de Joinville.
Aos sete meses de idade após uma complicação em uma cirurgia cardíaca Daniel ficou com uma sequela da falta da sensibilidade nas pernas, com o tempo a sensibilidade voltou, porém, a força nas pernas não. Antes de praticar o basquete ele praticava tênis de mesa e até os 19 anos Daniel usava muletas, mas após conhecer o basquete para cadeirantes decidiu usar a cadeira de rodas não só pelo esporte mais para facilitar sua locomoção. A seguir trechos da entrevista:
Como você conheceu o basquete em cadeira de rodas?
Quando eu tinha 18 para 19 anos eu jogava tênis de mesa fui até para algumas etapas do campeonato brasileiro e uma vez um rapaz que joga basquete até hoje me convidou para ir jogar, eu não quis, ele insistiu até que na terceira vez eu fui assistir um treino, aí ele me convidou para ir treinar e no primeiro treino eu tomei um tombo que rolei 2 metros na quadra, mas depois nunca mais voltei para o tênis de mesa desde então eu jogo basquete, foi paixão a primeira vista.
Qual a importância do esporte na sua vida?
Hoje é muito importante na minha vida o esporte, não por conta financeira, nada disso, mas por conta de saúde mesmo. A deficiência acaba agravando problemas e o esporte me ajudou a melhorar, então me ajuda na qualidade de vida, também na minha auto-estima, um tempo atrás fiquei parado dois anos e isso agravou problemas na minha saúde, então voltei a jogar primeiro por que amo e segundo pela saúde.
Você atualmente é tricampeão estadual pelo Raposas do Sul como funciona os campeonatos do basquete em cadeira de rodas?
Sim hoje sou tricampeão estadual pelo Raposas do Sul, hexa campeão do parajasc e estamos em sétimo no campeonato brasileiro da segunda divisão. Hoje existem 10 equipes catarinenses, porém atuando 6 e existem campeonatos estaduais, campeonatos regionais ou copas regionais que equivalem como uma quarta divisão nacional e os dois classificados de cada região passa para a terceira posição. Existem também copas organizadas por entidades sem ser a Confederação de Basquete de Cadeira de Rodas que também são disputadas.
Como é a organização e como é feita a divulgação dos campeonatos?
Não existe muita divulgação hoje até pelo esporte ser pouco conhecido no Brasil aí falta o investimento na divulgação. Então é feita pelos próprios clubes e jogadores por meio de familiares, por exemplo. E a organização é feita pela a CBBC os campeonatos nacionais e os estaduais pelas federações locais.
Você ainda sonha em disputar uma paralimpiada pelo Brasil?
Com certeza sempre sonhei, quando eu tinha 22 anos iria jogar um mundial, porém ele foi cancelado e realizado no ano seguinte e não pude participar por conta da idade, e depois não fui mais convocado. Mas sim sempre sonho, acredito que seja o sonho de todo paratleta, hoje acho um pouco distante até por conta da idade, não que seja impossível porque tem atletas mais velhos que eu .
Como você vê a situação atual do esporte paralímpico no Brasil?
A situação do esporte paralimpico no Brasil hoje é deplorável. É muito complicado você ser atleta, no meu caso sou contratado de uma empresa para ser atleta. Minha função é treinar recebo um salário por 4 horas de trabalho, porém a maioria não tem isso, tem que trabalhar, estudar, cuidar da família e ainda ter apoio da empresa que trabalha que na maioria das vezes não tem para poder jogar e viajar. Falta muito apoio não só de empresas, mas de divulgação das emissoras que acham que não dá audiência e se você comparar olimpíadas e paralimpiadas quem ganha mais medalhas é nas paralímpiadas, é um banho, tanto que o Brasil chegou a liderar o quadro de medalhas e na olimpíadas não chega nem perto disso. O apoio é bem pequeno, espero que um dia mude, e que a gente possa receber o apoio que merece nisso...
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