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Vitória Nogueira

ROSA É A COR MAIS QUENTE

Atualizado: 27 de ago. de 2019

O poder aquisitivo do LGBTQI+ que as empresas buscam conquistar é só benefício próprio ou de fato focam na causa?


Pink Money é o termo usado para se referir ao dinheiro movimentado pela comunidade LGBTQI+. A lógica é bastante simples, já que, em geral casais homoafetivos não tem filhos é dessa forma a maior parte do dinheiro que ganham é destinada a gastos próprios. É levando isso em conta que a publicidade se utiliza de causas do mundo LGBT para criar um tipo de mobilização e identificação por parte dos consumidores os levando a consumir um produto que talvez nem precisem e que sai ainda mais caro do que poderia ser apenas por conter um arco-íris, por exemplo.


O termo sempre esteve aí, mas só ganhou destaque há cerca de dois anos quando a empresa Doritos fez a distribuição da versão chamada de Rainbow durante a parada do Orgulho LGBT de SP. A ação é um exemplo bastante conhecido da prática de Pink Money por ser uma ação realizada para o público LGBTQI+ feita por uma empresa que tem histórico de realmente estar engajada na causa.


Pink Money
“A distribuição do Doritos Rainbow pode ser vista como uso de Pink Money correto. Afinal, a edição limitada do salgadinho, vendida pela internet, teve toda sua renda convertida para a Casa 1, que acolhe jovens LGBTQI+ que foram expulsos de casa e não tem lugar para viver”. (Matheus Souza)

Em 2017 tivemos um caso de uso do Pink Money que poderia ter até dado certo se não fosse o tiro no pé que a própria empresa deu tempos depois. Estamos falando o caso do Banco Itaú que veiculou peças de promoção celebrando a diversidade, mas demitiu o gerente de uma de suas unidades em São Paulo apenas por ser gay, o caso ocorreu alguns dias depois que o mesmo publicou em suas redes sociais o pedido de casamento recebido do noivo.


Ambas as empresas apresentadas tentam focar na causa para atrair mais consumidores potenciais, mas depende da postura da empresa além da propaganda a decisão do consumidor de movimentar seu dinheiro com aquele produto específico.


Depois que a prática do Pink Money começou a ser debatida vários casos começaram a pipocar, e alguns deles chegaram a ser considerados nocivos e ofensivos para a comunidade LGBTQI+. A exemplo da recente polêmica envolvendo Nego do Borel, no clipe da música ‘Me Solta’ lançada em 2018, que deu o que falar quando a representatividade prometida no clipe se resumiu ao próprio artista vestido de mulher sendo muito mal recebido pela comunidade LGBTQI+. Depois disso a imagem de Nego afundou ainda mais quando internautas desenterraram uma foto do cantor ao lado do atual presidente, Jair Bolsonaro e seu filho, a comunidade alegou então que não é possível apoiar o posicionamento do político e a causa LGBTQI+ ao mesmo tempo. Além disso o artista se envolveu em outra polêmica, dessa vez sendo acusado de transfobia ao ofender a artista Luisa Marilac. A funkeira Anitta por sua vez foi acusada de promover Pink Money de forma tóxica ao ter dividido o palco com Nego, logo após a veiculação do clipe e ofensas à artista transexual.



Nego não foi o primeiro artista a ser acusado de usar o Pink Money como forma de auto promoção tóxica, houveram também polêmicas envolvendo Jojo Todynho e seus hits ‘Que tiro foi esse?’ e ‘Arrasou viado’, gírias usadas pela comunidade LGBT das quais a cantora se apropriou, as músicas nem são o foco principal do problema aqui, nesse caso o que afundou a imagem da funkeira foi a resposta dela a um comentário no instagram quando disse que o usuário tinha ‘cara de baitola’. Como alguém pode ao mesmo tempo apoiar a causa LGBTQI+ e fazer um comentário com viés homofóbico?


Matheus Souza, 25, redator publicitário ressalta que Pink Money nada mais é do que o potencial de compra da comunidade LGBTQI+, e que buscar por esse consumo é um artificio utilizado por diversas empresas, podendo ter resultados muito positivos para a empresa e comunidade, ou desastrosos para a imagem da empresa.


“Ele pode ser muito positivos, ajudando a espalhar a mensagem da diversidade e inclusão, ou ele pode ser negativo, de modo que a empresa faça peças de propaganda com essa mensagem, mas demita um funcionário por ele ser gay”. Comenta relembrando o caso do Itaú.


Diversa marcas veiculam todos os anos propagandas tentando alcançar esse público, não importa o ramo ou produto oferecida, desde os produtos alimentícios como por exemplo Burguer King, com a distribuição de coroas com as cores da bandeira do Orgulho LGBTQI+ durante paradas no Brasil e fora, as latas de Skol com as cores do arco-íris substituindo a cor original do símbolo. Do ramo de vestuário como a C&A que além de apoiar a causa e veicular campanhas e propagandas, também tem a iniciativa de contratar vendedoras transexuais e travestis para atenderem em suas lojas.



“Nós estando em São Paulo, somos muito críticos sobre o que é ou não cuidar das causas. Veja bem, o Burguer king está sempre promovendo a diversidade em seus comerciais e anúncios online: Para nós, ele pode ser mais um, mas imagina para aquele adolescente de 15 anos em uma cidade com 2mil habitantes, que não tem para quem recorrer e começa a se achar estranho no mundo. Ao ver tal peça publicitária ele vai pela primeira vez se identificar, se aceitar e ficar mais feliz consigo mesmo. ” Souza lança no ar a reflexão, quando questionado sobre o limite entre usar a causa para benefício próprio e realmente cuidar das causas.

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